O Blog

No começo eu só queria contar detalhes da minha vida em Toulouse para minha família e amigos curiosos. De repente comecei a ter necessidade de escrever, foi nascendo um diário de crônicas, foram surgindo seguidores, leitores, a vida foi tomando outro curso. Após 1 ano e quatro meses na França, idas e vindas para o Brasil estou diante de mais um ponto de bifurcação, voltando às minhas origens para dar continuação ao blog e a vida. Você está convidado a participar desses próximos capítulos e a se perder e se encontrar nessas novas estradas estrábicas.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Um Mestrado em agradecimento

Um breve post, já que estou escrevendo (ou tentando) a metodologia do meu trabalho em francês e enquanto fui consultar minha dissertação de mestrado acabei me deparando com meus agradecimentos, feitos em Novembro de 2008. Não é que parecia que eu tinha acabado de escrever?! Então vou registrá-los aqui, resgatando ótimas lembranças da minha defesa e de todos que agradeci naquela época e continuo agradecendo. Você que está lendo, me diga se encontrou em algum momento:

Agradecimentos
Àqueles que brilham como o sol na minha vida,
 Que me dão energia, intensidade e cor,
 Inspirando-me a discutir, refletir, fazer melhor,
 Àqueles cujo brilho me faz brilharem os olhos todos os dias, 
Cuja ausência me deixa incompleta, 
Àqueles que estão sempre ao meu lado, a minha frente, ou me carregando no colo, 
Àqueles cuja presença é um motivo para sorrir, 
Cujos conselhos são sempre guardados, 

Àqueles que me fazem sentir ímpar enquanto são meus pares,
Àqueles que enxergam além do que vêem os olhos e me ensinam a fazê-lo, 
Àqueles que estiveram comigo quando o sol nasceu e se pôs, 
Quando o céu estava azul, cinza ou colorido, 
Àqueles do sangue, do nascimento, do crescimento, do amadurecimento, 
Àqueles que me cuidaram e me ensinaram a viver,
 Àquele que é meu herói, irmão, companheiro, confidente, pai, 
Àquele que é meu sol, mesmo quando está escuro, 
Àqueles da família, da infância, da escola, da academia, 
Àqueles da faculdade, da sala de aula, dos corredores, meus professores, 
Àqueles do trabalho, do descanso, das horas vagas, de todo o mundo, 
Àqueles que continuam até hoje, de todas as horas, do coração, 
Da vida toda,
Àqueles cujos pedaços carrego comigo e cuja existência faz de mim alguém constantemente feliz.


Termino com um aperto no peito, um suspiro e um puxão de orelha do meu superego me mandando voltar já ao trabalho.





sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Vodka balalaika no copo dos outros é refresco

Estou me sentindo uma alcoólatra em tempos de reabilitação. Não porque esteja bebendo muito (apesar de às vezes ser uma opção interessante, ainda mais em terras francesas), mas porque me lembro que quando alguém pergunta numa reunião de "ex-alcoólatras" como se sentem, eles costumam responder algo do tipo: estou limpo há 4 dias, 5 horas e 23 minutos. E assim estou eu, quando alguém me pergunta e aí Mari, tudo bem? Nesse momento eu responderia: estou limpa há 1 dia, 17 horas e 55 minutos. A diferença entre mim e um alcoólatra, além dos litros de bebida, é que eles escolhem beber e eu sou embriagada pelos outros. Não entendeu nada? Pois é, eu também não entendo porque as pessoas insistem em achar que eu tenho que beber e digerir a cachaça alheia...
Falando em pinga, lá em Londres só bebi tap water, sim, água da torneira, pronunciada com acento britânico e ao preço de zero pounds. Ô moedinha pra ser cara essa...E fui encarando a viagem como um momento de purificação, tanto pelo distanciamento do bar em que eu vivo, quanto pelo trabalho, que foi estar em companhia super agradável durante o seminário de chefes de missão dos próximos jogos paraolímpicos em 2012. Conhecemos as instalações e não nos surpreendemos com a pontualidade britânica nas entregas, afinal de contas eles são britânicos! Mesmo com a agenda corrida tive oportunidade de visitar o Instituto Nacional de Cegos e ajudar o Mizael (vice-presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro) a comprar uma bengala nova e um detector de cores, sim, ele diz qual a cor da roupa q vc está usando, sensacional! Entre todas invenções para facilitar a vida dos cegos, tinha inclusive um óculos que vibra quando se chega muito perto de alguma coisa, eu até procurei um desmaterializador (para facilitar a minha vida de vez em quando), mas me parece que ainda não está disponível na Inglaterra.
Por instantes me senti a pessoa mais chique da cidade, por ter meu nome na lista da imigração e ser buscada por uma BMW recém saída da fábrica e jantar ao moldes da corte real. Já em outros momentos me senti a mais caipira, quando parei na porta do carona da tal BMW e fiquei esperando o motorista abrí-la. Achei o sr. muito mal-educado por abrir a porta, entrar, fechar e me deixar pra fora. O que não notei de imediato foi o volante que também estava daquele lado. Disfarcei e entrei atrás mesmo.
E nessas aventuras que não foram franco-brasileiras, nem em Toulouse, quase derrubei o ceguinho na escada rolante e no auge da minha pró-atividade fiz uma turma de 8 pessoas se perder no metrô ao utilizar meu atualizado mapa "underground 2006".
Uma semaninha pra rever as amadas tias internacionais e me preparar psicologicamente para as doses de vodka balalaika (argh) que estavam por vir. E assim vou eu, entre um limão azedo, uma limonada e uma caipirinha, tentando permanecer limpa nas próximas horas.