O Blog

No começo eu só queria contar detalhes da minha vida em Toulouse para minha família e amigos curiosos. De repente comecei a ter necessidade de escrever, foi nascendo um diário de crônicas, foram surgindo seguidores, leitores, a vida foi tomando outro curso. Após 1 ano e quatro meses na França, idas e vindas para o Brasil estou diante de mais um ponto de bifurcação, voltando às minhas origens para dar continuação ao blog e a vida. Você está convidado a participar desses próximos capítulos e a se perder e se encontrar nessas novas estradas estrábicas.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Coaching, amizades e tapas na cara.


Fiz um curso para me tornar coach. Fui buscar aprimoramento e desenvolvimento de habilidades que eu acredito ter, mas nunca descobri. Três dias intensos, trinta horas de imersão.

Logo na primeira atividade já senti um tapão na cara ao perceber que o curso tocaria em aspectos muito mais profundos que apenas minha vida profissional, gelei. No final do primeiro dia fui para casa pensativa, querendo aplicar as técnicas, falar do curso, mas só consegui mesmo capotar na cama. No fim do segundo dia, uma colega que estava atuando como minha coach, quase no fim da sessão, fechou o livro e disse, “tá, esquece o coaching agora, vamos conversar” com um tom de preocupada comigo. E ao terceiro dia ressurgi das cinzas, em meio a grandes e profundas descobertas pessoais.


Louco, intrigante, mas belo, muito belo.


Tenho impressão de que algumas pessoas às vezes se assustam com minha honestidade em tratar de alguns assuntos e coragem para expor algumas coisas, mas lá no curso me senti à vontade para dizer que nem todo mundo está preparado para entrar em contato com seu lado “negro”.

Me explico. Assim como yin e yang, sol e lua, queijo e goiabada, vingador e mestre dos magos, creio que todo ser humano tem características boas e ruins, mas escolhe entregar às pessoas e ao universo aquilo que mais lhe faz sentido, aquilo que consegue extrair de si mesmo. Assim, pessoas negativas, com dificuldade de sorrir, muitas vezes o fazem porque foi assim que aprenderam a viver, foi isso que talvez as tenha feito seguir em frente diante dos obstáculos de seu caminho. O mesmo vale para aquelas que vivem sempre alegres e para os normais como eu que tem altos e baixos, mas olhar para este lado sombrio, apesar de necessário para nosso autoconhecimento, dói e machuca.



Em uma das sessões de coaching, tentávamos identificar crenças limitantes e nossos valores, aqueles que regem nossas atitudes e comportamentos. Eu que vinha em crise desde a primeira sessão, sem saber exatamente quais eram meus objetivos e onde gostaria de chegar ao final do curso, tive a minha grande sacada:  descobri que meu maior valor, aquele que conduz a minha vida, é a AMIZADE.

Poderia ter sido o amor, a família, o sucesso, a justiça, mas foi a amizade...E assim, analisei minha trajetória e até algumas condutas inadequadas ou sabotadoras por conta deste valor tão importante para mim.

Na minha cabeça o ser humano nasceu para fazer amigos, em casa, no trabalho, na escola, no parquinho, no bar, bebendo leite ou cerveja. E nessa minha incessável busca, às vezes meto os pés pelas mãos querendo ter amigos na família, no relacionamento amoroso, na vida profissional, na academia, no mercado, na farmácia. E quando por acaso me deparo com alguém que não quer, nem tem a necessidade de ser meu amigo, eu simplesmente...não entendo (risos). Não apenas porque me ache muito legalzinha, chuchu beleza de amiga, mas porque eu sofro, me frustro e talvez até desrespeite a pessoa tentando literalmente “forçar a amizade”.

Ouvi de uma pessoa que trabalhou comigo certa vez: “Não estou aqui para ser sua amiga, estou aqui para trabalhar”. Toma essa, negão! Na hora meu coração torceu, eu engoli seco e respondi: “Que pena…”

Falta de profissionalismo, sensibilidade, ingenuidade minha? Talvez...Mas hoje olho para trás e vejo que ela estava certa, eu que ainda estou em processo evolutivo para entender o significado dos laços e como me jogar ou não nas amizades.

Se você tem amigos, você tem amor, tem sorte, companhia, sorrisos, ombros, olhos, lágrimas, suspiros, carinho, broncas, abraços, mãos dadas, você tem tudo, de longe, de perto, de todos os ângulos, não existe distância para os vínculos, não existe regra para as amizades.

Fiquei emocionada ao perceber isso, e o alto investimento do curso, durante essa sessão, se pagou, por que se conhecer melhor vale o clichê, “não tem preço meixmo”.


Se você abriu esse texto, por curiosidade, vontade, obrigação ou sem querer, nós devemos ter algum vínculo e por isso, já te agradeço! Agora, se quiser uma sessão de coaching, para amigos faço um desconto ;)