O Blog

No começo eu só queria contar detalhes da minha vida em Toulouse para minha família e amigos curiosos. De repente comecei a ter necessidade de escrever, foi nascendo um diário de crônicas, foram surgindo seguidores, leitores, a vida foi tomando outro curso. Após 1 ano e quatro meses na França, idas e vindas para o Brasil estou diante de mais um ponto de bifurcação, voltando às minhas origens para dar continuação ao blog e a vida. Você está convidado a participar desses próximos capítulos e a se perder e se encontrar nessas novas estradas estrábicas.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

A medida do amor: 1 ano de Francisco

Li ontem: "a medida do amor é um amor sem medidas". Comemorei dia 30 de janeiro um ano vivendo esse amor imensurável. 1 ano do Francisco, meu Kiko, o Zé bolota, inevitavelmente chiquim para alguns, chico ou chicão para outros. Meu pedaço, pedaço do papai. Cada partícula, cada molécula, cada grãozinho dele foi produzido aqui dentro. É difícil a ficha cair. Agora já anda, aponta, pede, dá bronca, sua personalidade é reconhecida pelo outro. Não existe mais vida sem ele, não existe mais graça sem ele.

Ninguém passa ileso ao primeiro ano do seu filho. O clichê do "nasce uma mãe" é tão real e emocionante…na verdade nasce todo mundo junto com ele…nasce um pai, uma avó, uma tia de sangue, uma tia de alma, uma madrinha. Vc se entristece lembrando daqueles que morreram antes de renascerem com o nascimento do seu filho e se conforta com aquele sentimento concreto que te diz que eles estão sim assistindo a todos esses nascimentos.

Além do amor sem medidas, nasce a culpa, o medo de errar, um nó na garganta em qualquer sinal de que a saúde do seu bebê possa estar alterada. Nascem as expectativas, os planos, as loucuras por ele e com ele…Nasce uma visão biônica para bactérias e micróbios e uma mãe Diná prevendo tudo que pode acontecer SE…Aí também nasce a Bela Adormecida que fecha os olhos pra tudo isso tentando ser descolada e tranquila. 

Nasce um zumbi.

Você se entrega tanto que até sente que perdeu a identidade…mas na verdade você está renascendo, não tem como permanecer a mesma e no fundo acho que nem queremos, nem devemos ser assim. Seria no mínimo perigoso para um bebê que sua mãe fosse a mesma pessoa que era quando antes de ser mãe, quando solteira então...
Eu mudei. Passei a desenvolver e experimentar os ofícios de médica, pintora, pedreira, bombeira, psicóloga, chef de cozinha... de mãe... Claro que me cobrando e achando que meu desempenho nunca era ótimo, acima da média. Que mãe não se cobra? Que mãe não se compara? Que mãe não acha que o seu é o melhor filho do mundo?


E nessa tentativa exaustiva e inútil de ser a mulher maravilha, que amamenta, cuida do bebê, malha, come bem, se dedica ao marido, trabalha com disposição e brilho no olho e fala sobre maternidade sempre de bem com a vida, eu renasci e descobri minhas transformações, minhas limitações, minhas vitórias e minhas medidas. Longe da perfeição e dos modelos ideais, me sinto uma mãe macunaína, anti-heroína celebrando um ano de nascimento do seu filho e de mim mesma! 

Deixo um video que expressa a entrega, dedicação, alegria e beleza da licença maternidade…#sqn

https://www.youtube.com/watch?v=T03nRMCQG7E&feature=youtu.be