O Blog

No começo eu só queria contar detalhes da minha vida em Toulouse para minha família e amigos curiosos. De repente comecei a ter necessidade de escrever, foi nascendo um diário de crônicas, foram surgindo seguidores, leitores, a vida foi tomando outro curso. Após 1 ano e quatro meses na França, idas e vindas para o Brasil estou diante de mais um ponto de bifurcação, voltando às minhas origens para dar continuação ao blog e a vida. Você está convidado a participar desses próximos capítulos e a se perder e se encontrar nessas novas estradas estrábicas.

terça-feira, 10 de março de 2015

Páginas e plantações




Pensei em repostar o texto “Reflexões de um faixa preta” de Novembro de 2011. Não pela minha atuação no futebol feminino de ontem, nem pelo aniversário do meu sensei querido hoje, mas pelo momento de reflexão profunda em que me encontro.
 
Acabei selecionando o papel em branco porque ele está ali pronto para ser preenchido, construído e a qualidade do que está nele é responsabilidade minha, só minha. E três anos na vida de uma pessoa, é muito quilômetro rodado, é muita página virada, é muita tinta gasta.
Pensei no texto antigo pela essência de colocar um ponto final no que te faz mal. Por parar de teimar ou ir contra o curso natural de alguma coisa. Como às vezes a insistência machuca a gente e na tentativa de dar uma segunda chance, de plantar o bem, a gente acaba colhendo frutos perdidos.
 
Li hoje num livro mágico, presente de um amigo iluminado do trabalho, que “Em muitas ocasiões, no canteiro da vida, haveremos de primeiramente colher os frutos indesejáveis de nossa plantação, posteriormente plantar as novas sementes do bem, e mais adiante colher o amor que desejamos” (Emoções que curam – Wanderley de Oliveira e Ermance Dufaux).
 
E quem planta com amor, sabe que no final a colheita é obrigatória e merecida.
 
Por isso ao se escrever num papel em branco é nossa responsabilidade a história que vamos contar, assim como ao se plantar em terras desconhecidas corremos o risco de colher o que não estávamos preparados ou esperávamos colher. Mas recorrendo as palavras de Henfil, o que vale mesmo é a intenção da semente.
 
A consciência da nossa índole e amor próprio regem o tipo de agricultores ou escritores que seremos, já a maturidade dos frutos ou das palavras vai depender dos quilômetros rodados, das páginas vividas e dos papéis já manchados.