Diante da aproximação do carnaval e minha ida ao cinema para assistir ao filme 127 horas, queria registrar aqui que passaremos o mais esperado feriado brasileiro (na minha singela opinião de foliã) em Toulouse, sem grande expectativas de escutar batuques ou trios elétricos, talvez a Edith Piaff cantarolando nos rádios do metro... Sendo assim, para aqueles que ainda não assistiram ao filme, vale a pena avisar a alguém onde estarão se descabelando no carnaval. Eu ainda não sei onde vou estar, mas de certo estarei incomunicável, pois mudei de casa e não tenho internet nem telefone e a universidade estará de férias. Vejam: férias obrigatórias, que coisa desagradável, vou ter que viajar!
Tive uma semana cheia de mudanças e transcrições dos dados (entrevistas em francês). Agora morando no centro tudo fica mais fácil (e caro também), mas parece valer a pena. Com quase dois meses de distância do Brasil comecei a reparar em como as pessoas se cumprimentam. Sempre com dois beijinhos que começam do lado contrário ao que estamos habituados, várias vezes deixo alguém no vácuo, acostumada com o econômico beijo que damos no estado de SP. Porém, apesar da economia, esbanjamos abraços no Brasil. Às vezes no primeiro encontro com alguém já abraçamos a pessoa, seja por amigos em comum, por uma afinidade qualquer, seja para se despedir. Nem acredito que isso seja uma banalização do abraço, mas provavelmente uma necessidade peculiar brasileira em sentir as pessoas de verdade. Me lembro quando morava na Espanha, o meu melhor amigo (espanhol) sempre dizia que quando eu me despedia das minhas saudosas amigas brasileiras, parecia que nunca mais nos veríamos...E essa cena se repetia cotidianamente. Enfim, abraçar os amigos é como comer um mousse de chocolate numa patisserie françesa, cura até depressão!
Dito isto, me peguei certo dia calculando há quanto tempo não abraçava alguém, que não fosse meu noivo amado...E isso me levou a todos os abraços que dei antes de deixar o Brasil. Ai... lembrar do aperto que meu pai me deu no último segundo que restava na fila de embarque e ver seus olhos brilhando e boca tremendo...que alegria poder ter sentido isso! Poderia ficar linhas e linhas desenhando cada abraço que dei, e isso realmente me faz muito bem.
O cálculo final do abraço seria zero, se por um instante eu não me lembrasse quantos novos amigos eu tenho abraçado no Jiu Jitsu aqui!! Tudo bem, são abraços que possuem a finalidade de subjugar o oponente, mas são abraços!