O Blog

No começo eu só queria contar detalhes da minha vida em Toulouse para minha família e amigos curiosos. De repente comecei a ter necessidade de escrever, foi nascendo um diário de crônicas, foram surgindo seguidores, leitores, a vida foi tomando outro curso. Após 1 ano e quatro meses na França, idas e vindas para o Brasil estou diante de mais um ponto de bifurcação, voltando às minhas origens para dar continuação ao blog e a vida. Você está convidado a participar desses próximos capítulos e a se perder e se encontrar nessas novas estradas estrábicas.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Cartas que voltam

Tanto tempo sem escrever que posso ter perdido os textos de 2017, 2018 que estavam no site mais profissa, tanto tempo sem escrever e me dá a sensação de não saber mais fazer isso. Só uso o computador do trabalho e esse aqui de teclado alemão também não está ajudando muito. Queria muito recuperar aqueles textos. Nem foram tantos assim. Mas histórias foram. Muitas. Tem até uma filhinha que nunca passeou por essas páginas. Tem uma Mariana mãe de dois do ventre que está desabrochando e um pouco envergonhada de pensar que novas pessoas podem ler isso aqui.

Há nove anos, quando criei este blog, eu não pensava tanto para escrever. Eu simplesmente ia, me divertindo, me emocionando, talvez um pouco verborrágica, repetitiva, chorona demais. Mas era bom estar aqui, era muito bom.

Por isso voltei. Tentei muitas outras vezes, na maioria delas nem me aproximei da máquina alemã, em outras abri o site e fiquei olhando para a página em branco. Em épocas de stories de 24 horas, duvido que essa ferramenta ainda seja interessante para atrair os leitores fiéis do passado. E pensar isso me deixa mais à vontade para continuar escrevendo, sem me cercear tanto pelos possíveis julgamentos.

No fundo, foi o puerpério que me trouxe de volta, a angústia da separação, e tudo aquilo que normalmente cala quem está vivendo esta fase. Em uma das minhas sessões da análise há uns meses, eu resgatei (só na memória) as primeiras cartas que escrevi na vida. Foram para minha bisavó que vivia em Fortaleza, depois para minha tia da Suiça, várias para um centro espírita que respondia com mensagens de um médium, em seguida para Aninha do Rio, para o irmão dela (meu primeiro namorado) e aí chegou o email e como diz a Fabi, "pronto final", atestando agora meus 37 anos. A ida ao correio e a espera pela pelo envelope com selinhos e letras conhecidas...quanta vida tinha ali. E como todas essas cartas me forjaram. 

A escrita sempre me salvou...e pelo visto vai continuar salvando. Sofia chorando e nem vou entrar nos detalhes do agora, o que importa é estive que voltei.