Quantas coisas me impulsionam a escrever no blog neste
momento...Ter assistido a final da copa do mundo no Brasil da qual a seleção brasileira não fez parte, ter voltado ao trabalho recentemente, deixar meu bebê
na escolinha todos os dias desde então, ter terminado o doutorado, falar dos
cinco meses de licença em casa e de como foi ver meu brotinho crescer e crescer
a cada dia…
Como boa mãe obviamente não começarei nem da derrota
argentina, nem do doutorado, nem do trabalho! Falarei do bebê. Muito difícil descrever 5 meses em algumas
linhas, muito difícil registrar tantos momentos. Cinco meses podem parecer
muito pouco, e realmente, passam muito rápido, mas na vida de um serzinho que
acabou de nascer, 5 meses é uma vida inteira, a vida do meu Francisco, a minha
vida de mãe.
Se você me perguntasse no primeiro mês se eu gostaria de ter
outro filho, imediatamente minha resposta seria JAMAIS...afinal, que mulher
(das normais) quer passar o dia de camisola, com uma cinta pós-parto que cobre
quase sua cara, mais um sutiã com dois buracos abertos com os peitos pra fora,
vazando leite, com golfo de neném (aquele vômito tipo coalhada) no cabelo,
gorda, inchada, com um bebê minúsculo no colo, tentando dar uma de mister M e
desvendar tudo o que aquele chorinho ora fraco, ora ensurdecedor quer dizer. Me
digam, em sã consciência, que mulher diria “SIM” para este convite?
Curioso. Mas no segundo mês eu já estava dizendo “SIM quero
outros, mas não agora” of course! São tantas transformações na gente, neles,
nos maridos, no relacionamento, nas amizades, na conversa com a moça da
padaria, no bom dia pro porteiro, na empatia com a sogra e na compaixão com sua
mãe...até o bandido mais sujo e peçonhento já foi um recém-nascido indefeso,
gerado por uma mãe inexperiente e insegura como todas aquelas de primeira
viagem.
Sendo assim, todos os bebês merecem muito respeito e claro,
cuidados para sobrevirem a este mundo aparentemente injusto e cruel pra eles,
já que tem de sair da comodidade da barriga da mamãe enfrentando a luz do sol,
o ar poluído e as roupinhas fofas que irão vestir…
Comigo foi assim, sempre tentei pensar que apesar das pessoas
ironizarem dizendo que a vida dos bebês é fácil, na verdade não é, eles tem de
ensinar aqueles pais iniciantes, sem poder verbalizar, demonstrar com o corpo ou
desenhar o que precisam. É chorando mesmo que os bebês ensinam a gente a ser
pais e como já disse uma vez, quem nunca foi bebê que atire a primeira pedra!
No dia das mães eu me senti muito poderosa e gostei mais até
que dia do aniversário, pela primeira vez eu vi que tinha um papel no mundo, um
sentido especial pra minha existência, eu podia dizer “sou mãe e mereço sim seu
parabéns”.
Parabéns por cuidar da minha alimentação pra evitar que
você, filho, tenha cólicas (mesmo ouvindo que não tem nada a ver), parabéns por
prestar atenção nos conselhos de não beber leite, comer chocolate, glúten,
feijão, não comer nada, morrer de fome, só pra ver você dormir bem...Mereço
parabéns por ser educada com as pessoas mesmo quando elas dizem que seu soluço
é por frio, calor, diafragma imaturo ou qualquer outra teoria.
Parabéns por caçar
suas melecas, te ver chorar e persistir até tirar as benditas, parabéns por
pensar no seu look, cortar as etiquetas da sua roupa (pra não pinicar) e cortar
as suas unhas suando frio. Parabéns por me manter acordada enquanto te amamento
ou por fazer acrobacias para você mamar sempre que tiver fome, esteja eu
sentada confortavelmente, em pé, fazendo xixi ou andando no shopping. Parabéns
pra mim que consegui entender que mamãe e peitos são sinônimos e por isso interiorizei
que todos conhecerão aquele pedaço de mim, dos quais o patrão é você. Parabéns
pra mamãe que deixou de ter tanquinho pra ter pneuzinho, deu um tempo no jiu
jitsu para ir à hidroginástica e deixou de ler livros para ela e ter esse tempo
todo com você.
Mereço parabéns por descobrir as mil utilidades do lenço umedecido,
pomada anti-assadura, cueiros e travesseiro anti-refluxo, parabéns pra mamãe
que riu todas as vezes que o papai levou rajada de coco, por ficar horas
“cagada” só pra te dar um bom banho, te colocar uma roupinha limpinha até você
dormir e eu poder tomar meu banho. Parabéns por comer a jato pra te dar
atenção, por me transformar na peppa pig, galinha pintadinha ou Cláudia Leite
pra você se divertir…
Apesar desses parágrafos parecerem assustadores eu não
encontro palavras para expressar toda minha gratidão a esse bebezinho, por a
cada dia me ensinar a ser mãe. Por cada carinho no meu rosto, por cada
sorrisinho e gargalhada sem dentes, por cada silencio ao sentir minha presença,
por cada conquista.
Ao escrever me dou conta que o parabéns é seu filho, porque
é esse tempo intenso, trabalhoso e impagável que tem me deixado assim...mais
humana, mais carinhosa, mais humilde. Mais distraída, mais atenta, mais
responsável. Mais boba, mais criativa, mais versátil, mais inteligente. Mais esquecida, mais magra e persistente. Mais
forte, poderosa e imbatível. Mais
frágil, mais dengosa e sensível…
Talvez nada disso faça sentido ao Francisco ou a quem nunca
passou ou pensou em passar por isso, mas hoje ser mãe é mais prazeroso que
assistir a final da copa, terminar um doutorado ou trabalhar no que se gosta.
Meus valores se atualizaram com a chegada do meu filho e por mais que eu sinta
falta de um jantar romântico, um cinema a dois ou uma longa noite de sono eu
quero sim passar por tudo isso de novo e tudo mais que está por vir nos
próximos 5 meses, 5 anos ou quem sabe, 5 filhos. (hahaha piadinha pra
terminar!)