Eu tenho uma mania de arquivar as coisas ruins que
me acontecem…Isso tem me irritado um pouco. Parece que tudo o que é bom fica
ali repetindo igual comercial de supermercado,
enquanto o que não foi legal vai para um arquivo morto, uma pasta oculta. Tem
gente que faz o contrário e já julgando, costumo achar essas pessoas um saco,
porque parecem focar só na “merda” e esquecer de serem gratas por todo o resto.
Vou abordar então, o tal do equilíbrio.
Tenho a impressão de que as leis do universo tendem a
nos oferecer equilíbrio, através das conexões com a natureza, com os alimentos,
da energia das pessoas, nossa energia interna, o entendimento dos nossos
chacras...olha eu que fofa, achando que entendo sobre isso. Só que cultural e
socialmente somos programados para o desequilíbrio. Seja o iphone 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7
acompanhado de todo o alfabeto 1C, 4S, 5Z, o tênis de correr, ultra, mega,
blaster runner ou a última edição de um livro... Parece nunca dar tempo de
"curtir" a nova aquisição, dias depois aquilo já se tornou obsoleto e
incapaz de realizar todas as funções que você se quer imagina quais são, nem
precisa delas para telefonar, correr, cozinhar, viver.
Além dos bens materiais, a própria comida nos
direciona ao desequilíbrio, não somente por tudo de bom que a gordura trans
pode nos proporcionar, mas também pelos maníacos do sem glúten, sem lactose,
sem sabor. Eu sou dessas que gosta de comer sem agrotóxico, feito em casa,
adoro a rainha da farinha de linhaça, minha best Bela Gil, mas tenho bom senso,
o que me permite algumas incongruências gastronômicas, mas baseadas nas minhas
escolhas e não apenas no que o ambiente tem disponível.
É uma luta manter, buscar, encontrar equilíbrio
assim, porque o radical extremista seja para o “bom ou ruim” definitivamente nunca
é equilibrado …
Na história de esquecer o ruim, percebo a falta de equilíbrio
emocional da minha parte ao tentar pensar que todo mundo tem problemas e eu sou
mais uma nesse mundo que tem de lidar com os obstáculos para se manter na corrida.
Fato, como diz o ditado "quem sou eu na fila do pão?"
Mas vem uma voz e me diz “Aí garota, isso não é
justo com você, com seu corpinho cheio de arranhões, com esses seus ralados no
joelhos”… O que te aconteceu, independente da sua religião, se veio de escolhas
de vidas passadas, se foi sorte, porque não pagou o dízimo, Deus quis, enfim,
essas marcas são suas, só suas. Da sua busca extasiante, por
amor, por sossego, por equilíbrio. Não dá para generalizar sua história só porque muita gente
passa por dificuldades.
Eu costumo me dar
conta disso quando alguém pergunta sobre a minha vida, quando tento resumir
rapidinho e sem drama meus 33 anos.
Sinopse do livro: Menina estrábica bonitinha que cuidou da irmãzinha
deficiente desde que nasceu, não pode viver muito o amor de sua mãe por
esta ser uma pessoa com doença emocional agravada pelo uso de drogas, se apegou
ao seu herói, seu pai, amou, sofreu de amor, estudou, trabalhou, aprendeu novas
línguas, viveu a doença avassaladora que levou seu pai aos 53 anos, a deixando
cheia de dívidas que não eram dela e uma irmã para cuidar e sustentar, além da
mãe que seguia cada vez mais doente. Fez mestrado, doutorado, aprendeu mais novas
línguas...amou, sofreu de amor, casou, teve um filho, vive os dramas da maternidade...Em
poucas linhas um resumo!!!
As reações nessa hora são de silêncio, de mais perguntas, de vamos ver
quem tem mais “causo” para contar, ou muito normalmente de brilho no olho... E
como é bom ver alguém com olho brilhando por sua causa, não necessariamente
pelo seu cabelo liso, enrolado, loiro, ruivo, por um nariz afilado ou silhueta
esbelta. Muito melhor, por um pedacinho da sua história, e esse pedacinho cheio
de emoção pode ser suficiente, já que a sua história toda, verdadeira,
completa, na íntegra, talvez só você realmente saiba. E nesse caso, mais legal do que
ver o brilho nos olhos do outro, é ver brilho nos nossos próprios olhos, por
tudo aquilo que já conquistamos, já ultrapassamos, sobrevivemos e de alguma
forma tivemos equilíbrio para um dia poder contar para alguém e até se orgulhar
disso.