O Blog

No começo eu só queria contar detalhes da minha vida em Toulouse para minha família e amigos curiosos. De repente comecei a ter necessidade de escrever, foi nascendo um diário de crônicas, foram surgindo seguidores, leitores, a vida foi tomando outro curso. Após 1 ano e quatro meses na França, idas e vindas para o Brasil estou diante de mais um ponto de bifurcação, voltando às minhas origens para dar continuação ao blog e a vida. Você está convidado a participar desses próximos capítulos e a se perder e se encontrar nessas novas estradas estrábicas.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A menina equilibrista

Eu tenho uma mania de arquivar as coisas ruins que me acontecem…Isso tem me irritado um pouco. Parece que tudo o que é bom fica ali repetindo igual comercial de supermercado, enquanto o que não foi legal vai para um arquivo morto, uma pasta oculta. Tem gente que faz o contrário e já julgando, costumo achar essas pessoas um saco, porque parecem focar só na “merda” e esquecer de serem gratas por todo o resto. 


Vou abordar então,  o tal do equilíbrio.





Tenho a impressão de que as leis do universo tendem a nos oferecer equilíbrio, através das conexões com a natureza, com os alimentos, da energia das pessoas, nossa energia interna, o entendimento dos nossos chacras...olha eu que fofa, achando que entendo sobre isso. Só que cultural e socialmente somos programados para o desequilíbrio. Seja o iphone 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 acompanhado de todo o alfabeto 1C, 4S, 5Z, o tênis de correr, ultra, mega, blaster runner ou a última edição de um livro... Parece nunca dar tempo de "curtir" a nova aquisição, dias depois aquilo já se tornou obsoleto e incapaz de realizar todas as funções que você se quer imagina quais são, nem precisa delas para telefonar, correr, cozinhar, viver.




Além dos bens materiais, a própria comida nos direciona ao desequilíbrio, não somente por tudo de bom que a gordura trans pode nos proporcionar, mas também pelos maníacos do sem glúten, sem lactose, sem sabor. Eu sou dessas que gosta de comer sem agrotóxico, feito em casa, adoro a rainha da farinha de linhaça, minha best Bela Gil, mas tenho bom senso, o que me permite algumas incongruências gastronômicas, mas baseadas nas minhas escolhas e não apenas no que o ambiente tem disponível.
É uma luta manter, buscar, encontrar equilíbrio assim, porque o radical extremista seja para o “bom ou ruim” definitivamente nunca é equilibrado …
Na história de esquecer o ruim, percebo a falta de equilíbrio emocional da minha parte ao tentar pensar que todo mundo tem problemas e eu sou mais uma nesse mundo que tem de lidar com os obstáculos para se manter na corrida. Fato, como diz o ditado "quem sou eu na fila do pão?"
Mas vem uma voz e me diz “Aí garota, isso não é justo com você, com seu corpinho cheio de arranhões, com esses seus ralados no joelhos”… O que te aconteceu, independente da sua religião, se veio de escolhas de vidas passadas, se foi sorte, porque não pagou o dízimo, Deus quis, enfim, essas marcas são suas, só suas. Da sua busca extasiante, por amor, por sossego, por equilíbrio. Não dá para generalizar sua história só porque muita gente passa por dificuldades. 
Eu costumo me dar conta disso quando alguém pergunta sobre a minha vida, quando tento resumir rapidinho e sem drama meus 33 anos. 




Sinopse do livro: Menina estrábica bonitinha que cuidou da irmãzinha deficiente desde que nasceu, não pode viver muito o amor de sua mãe por esta ser uma pessoa com doença emocional agravada pelo uso de drogas, se apegou ao seu herói, seu pai, amou, sofreu de amor, estudou, trabalhou, aprendeu novas línguas, viveu a doença avassaladora que levou seu pai aos 53 anos, a deixando cheia de dívidas que não eram dela e uma irmã para cuidar e sustentar, além da mãe que seguia cada vez mais doente. Fez mestrado, doutorado, aprendeu mais novas línguas...amou, sofreu de amor, casou, teve um filho, vive os dramas da maternidade...Em poucas linhas um resumo!!!



As reações nessa hora são de silêncio, de mais perguntas, de vamos ver quem tem mais “causo” para contar, ou muito normalmente de brilho no olho... E como é bom ver alguém com olho brilhando por sua causa, não necessariamente pelo seu cabelo liso, enrolado, loiro, ruivo, por um nariz afilado ou silhueta esbelta. Muito melhor, por um pedacinho da sua história, e esse pedacinho cheio de emoção pode ser suficiente, já que a sua história toda, verdadeira, completa, na íntegra, talvez só você realmente saiba. E nesse caso, mais legal do que ver o brilho nos olhos do outro, é ver brilho nos nossos próprios olhos, por tudo aquilo que já conquistamos, já ultrapassamos, sobrevivemos e de alguma forma tivemos equilíbrio para um dia poder contar para alguém e até se orgulhar disso.