O Blog

No começo eu só queria contar detalhes da minha vida em Toulouse para minha família e amigos curiosos. De repente comecei a ter necessidade de escrever, foi nascendo um diário de crônicas, foram surgindo seguidores, leitores, a vida foi tomando outro curso. Após 1 ano e quatro meses na França, idas e vindas para o Brasil estou diante de mais um ponto de bifurcação, voltando às minhas origens para dar continuação ao blog e a vida. Você está convidado a participar desses próximos capítulos e a se perder e se encontrar nessas novas estradas estrábicas.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Terapias alternativas


Tem gente que medita, fuma maconha, cachimbo, enche a cara, tudo pra ter um barato. Eu, atualmente, faço terapia...e que barato que dá! Na verdade, quem lê o blog desde o começo sabe que a terapia faz parte da minha rotina há bastante tempo. Eu iniciei a análise aos 17 anos, segundo a minha mãe, para me ajudar a escolher a profissão (isso era medo da educação física, artes cênicas ou só instinto em amenizar os traumas que segundo Freud, todas as mães causam). Alguém comentou aqui uma vez que mães que não erram não são mães, estou plenamente de acordo, mas enquanto filhos nós nunca aceitamos isso. Mães a parte, eu topei tranquilamente a tal da terapia, sem rebeldias, lágrimas ou silêncio absoluto nas sessões. E falava, como falava. Acho que esse era um momento de apagar os incêndios do cotidiano, uma hora pra sentar num sofá fofinho (lá não era divã), olhar para o semblante da terapeuta, branquinha, cabelos bem escuros, já pintados para esconder os brancos, com marcas de expressão nos olhos e testa que mostravam toda sua experiência e compaixão pelos temas que eu levava. Depois ainda saía e brincava com os cachorros dela, que momento especial, era só meu. Nela passei uns 6 anos, até meu pai deixar de pagar o convênio, aí tive que parar.
 Fui buscar essa ajuda de novo uns 3 anos depois, mas em outra fonte psicológica, com outra pessoa e pagando do meu bolso. Indicada por um professor que muito admirava na faculdade. Me lembro do momento exato da chegada no consultório. Ela muito diferente (fenotipicamente) da antiga. Loira, cabelos compridos, olhos clarinhos, se vestia como na capa da revista vogue. Minha nova terapeuta era uma deusa. Me deu um abraço quando me recebeu, poderia até ter voltado pra casa aquele dia, já estava mais tranquila. Cheguei procurando ajuda para outra pessoa (minha amada genitora) e depois de mais de duas horas de sessão, a deusa me convenceu de que ela tinha que, antes, ajudar a Mariana. Bem aquela história da aeromoça, antes de colocar a máscara no coleguinha em desespero, coloque em você mesmo. E assim começamos uma parceria que dura (entre intercâmbios e vindas) 7 anos.

Terapia é igual religiao, cada um tem a sua, mas todo mundo tem uma opinião sobre a do outro. No meu caso, eu sempre recomendo a minha, queria que ela cuidasse de todos da minha família, dos meus amigos...Mas ela não pode normalmente. Tentei em vários momentos descobrir de que linha ela era, comportamental, psicanálise, como se o rótulo deixasse a terapia mais importante. Descobri outro dia conversando com a Carol, grande amiga e aluna de psicologia, mas como o rotular não é importante pra mim, não contarei pra você. A única coisa que sei é que a cada sessão buscamos um sentido para alguma coisa. E vamos fundo nesses sentidos, tão fundo que saio me perguntando o que fumamos antes de começar. É realmente demais perceber que você e o terapeuta constroem laços tão fortes que é como se cada uma levasse um pedaço da outra, e que todas as respostas que você achou que ela te daria, estão dentro de você, mas ela te dá ferramentas incríveis para encontrar e lapidar esses recursos.

Outro dia no trabalho, comentei com uma canadense que eu fazia terapia (por Skype) e ela ficou horrorizada com a minha naturalidade em falar disso. Não entendi, a terapia deve ser um segredo? Motivo de vergonha?
Nem preciso ir muito longe, quantos colegas tenho que tem pavor a um terapeuta, acorrentados ao clichê “isso é coisa pra maluco”.
Para mim, maluco é quem negligencia a oportunidade de se conhecer de verdade, de descobrir toda sua riqueza interior, de ter para si um olhar transparente. Maluco é quem não dialoga, quem vai pra rua sem saber porque, quem não encontra sentido no mundo porque nem sabe onde mora o seu. A terapia faz o tal do gigante despertar na gente e de repente descobrimos que esse gigante é muito maior que imaginávamos, mais forte e coerente. Um gigante que briga pelo que quer e acredita, um gigante que acredita. Acredita inclusive que a terapia pode ser uma alternativa.

7 comentários:

  1. Mari ameiii estava com saudades de ler. Preciso de terapia alias voltar, não quer me indicar ela não? heeh.

    Beijao saudades

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  2. Zamo.... maluco são aqueles que acham que não precisam da ajuda de ninguém. Eu era meio "autonomo" nessas questões de conversar, resolver meus problemas, achava que era só deixar o tempo passar que as coisas se resolveriam. Que nada!!! todos precisam de ajuda, de alguém para conversar, dividir situações difíceis.... e você me mostrou isso. SANTA Paula!!! eu percebo como a terapia te faz bem e como você fica feliz após cada sessão... sabe que te dou maior apoio e que faço questão que você continue sempre...KKKKK
    Mauricio Waknin

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  3. Muito bom! Começarei minhas sessões de terapia na próxima sexta feira, afim de compreender meu eu!

    Obrigado pela ajuda, Mariana!

    Att.

    F.J.S

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  4. Oi Princesa, mais uma vez você se supera. Vamos conversar sobre terapia, pois estou inclinada a começar. Como você disse preciso me conhecer melhor. Mudando de assunto, essa foto ficou realmente linda. Poucos sabem para onde você está olhando, e como você estava feliz. Te amo muito minha menina linda. Beijos da dinda.

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  5. Mari...como te entendo...tbem uma fa....apos terapias e mais terapias por toda vida...hoje mais que nunca sei quem sou, o que quero, pra onde vou e acima de tudo aprendi a me amar...do jeitinho que eu sou...e sim como o mundo, ou melhor, o Universo se abre e vc sabe que eh um ser maravilhoso, que apenas por ter sido escolhido por estar aqui e ter vida...vc eh o/a melhor...que delicia que eh descobrir esse gigante dentro da gente...que tranquilidade nesse coracao...que as vezes fica tao pequenininho...te amo minha linda...e passo cada dia da minha vida aprendendo mais e mais com vc...e fico feliz que nossos caminhos...de um jeito ou de outro estao sempre se encontrando...Te amo demais da conta...Namaste!!! Tia Nicky

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  6. Mães amam muito os filhos. Quem ama também erra. Quem ama perdoa. Quem ama as vezes diz q odeia. Quem ama as vezes se reprime. Quem ama se preocupa. Quem ama as vezes se isola. Quem ama as vezes esbraveja. Quem ama as vezes se afasta. Quem ama as vezes se enraivece. Quem ama impoe limites. Quem ama mostra a sua cara. Quem ama chora. Quem ama se enfraquece. Quem ama as vezes adoece. Quem ama se aborrece. Quem ama sente falta, saudade aperto, tristeza e agonia. Amar significa aceitar-se a si mesmo e aceitar o outro.

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  7. Isso aí Mariana...aos poucos tudo se ameniza. Passa? Não sei..mas suaviza a alma.perdoe e compreenda as limitações do outro...sua genitora.

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