Evento teste de Rugby em cadeira de rodas. Cinco
dias dentro da Arena. 15 horas de trabalho por dia. Dia seguinte, uma enxaqueca
violenta. Parecia ressaca do pior porre. Vieram as dores horríveis no corpo e nos olhos.
Provável estatística do aedes aegypti, do tão na moda zika vírus.
Fui obrigada a ficar em casa, embora mesmo me
arrastando quisesse trabalhar. O facebook doador de memórias, me trouxe
um texto antigo, de quatro anos passados. Onde eu dizia que estava com medo de
perder a fé… Me emocionei com as palavras e principalmente com os comentários.
Injeções de fé, motivação e carinho de pessoas conhecidas e desconhecidas.
Lembrei de como me via sem saída, encurralada em
mortes, dívidas, lágrimas, dissabores. Faltava força para ressuscitar da cama,
coragem para analisar os estragos, clareza para decidir de onde começar e
"se" começar. Encontrava conforto pensando na minha morte, no fim da
dor, em reencontros...
Eu sei, palavras fortes. Só hoje consigo
falar delas mais abertamente. Tampouco tenho vergonha em dizer que já
torturaram meus pensamentos. Eu desejei isso.
No dilema do suicídio residem a covardia e a
coragem, a necessidade e o egoísmo, o amor próprio e a falta dele. É injusto
julgar, é injusto fazê-lo. Há aqueles que já consideraram, que já o fizeram, que
sofreram ao ver alguém fazer, os que tentaram, os que jamais cogitaram. Há
aqueles que não tocam no assunto. Sem querer toquei hoje. Porque algo me fez
lembrar o quanto achava que isso ia resolver meus problemas, o quanto isso iria
me salvar.
Olho para trás e me vejo hoje no clichê "Sã e
salva". Com muitas dores físicas, mas admirada do quanto minha fé se
fortaleceu, do como aqueles fantasmas foram embora.
Eles vão embora. Nós vamos embora e os deixamos
para trás.
Apesar de ter vivido na pele, não sei dizer exatamente
qual o caminho e se eles voltarão ou não. Mas sei que se a gente acreditar um pouquinho, com o mínimo de
fé que restar, no amor, num amor, que pode vir de qualquer um, de quem se
espera e não se espera ou de nós mesmos, dá para sair do buraco. Um degrau de
cada vez, limpando com dignidade as feridas, respeitando o tempo que se leva
para sarar.
Foi assim que levantei, bati o cabelo, escolhi a vida... a Zika diante
disso é do tamanho de um mosquitinho mesmo.
Vc é mesmo enorme. Maior do que eu sempre vi e imaginei!
ResponderExcluirNossa Mari, que lindo. Obrigada, voce não imagina o bem que fez
ResponderExcluir5 anos de Estradas Estrábicas, e nós aqui, firmes e fortes acompanhando tudinho.
ResponderExcluirEnquanto você aprende a viver, dá lições aos leitores. Terapia virtual indireta ;)!